Quem me conhece mais de pertinho sabe da afeição que tenho pela dança clássica e linhas afins, e para quem compartilha desse meu gosto, dou a dica: a Europa é um excelente lugar para desfrutar isso!
Em pouco tempo já deu pra perceber que por aqui as temporadas dos espetáculos passam com frequência, além de terem um preço bastante acessível. Existem muitos teatros, dos clássicos e imponentes aos modernos e aconchegantes, e todos sempre em atividade, movimentando a vida cultural da cidade. Fiquei feliz ao constatar esse ponto, pois esta é uma das coisas que mais me incomoda em morar no Brasil: raramente alguma companhia internacional de dança (ou de qualquer outra coisa) vai para lá, e quando vai, é caríssimo! Como estimular o interesse cultural na população se isso é tão inviável e tão distante da realidade dela?
Confesso que essa diferença tem me deixado realmente eufórica por aqui, com vontade de ir em tudo, mas... é necessário fazer escolhas!
Na quarta feira passada fui em um espetáculo de ballet chamado Coppelia, da companhia Victor Ullate Ballet - Comunidad de Madrid. Coppelia é o que chamamos de “ballet de repertório”, que quer dizer que é um espetáculo considerado “universal”, com uma trilha sonora e coreografia já pré-definidas. Toda e qualquer companhia pode remonta-la, e geralmente terá os mesmos passos e mesmas nuances. O espetáculo conta a história de Swanilda, a jovem mais bonita da aldeia de Cracóvia (Polonia), noiva de Franz. Entretanto, Franz apaixona-se por uma menina, Coppelia, que fica o dia todo sentada e lendo na janela da loja do Doutor Coppelius, um senhor que fabrica brinquedos. Swanilda e suas amigas resolvem entrar na casa para descobrir quem é essa menina que tirou seu posto de mais bonita da cidade, e levam um susto ao descobrirem que Coppelia. na verdade, é uma boneca com formas perfeita. A partir daí, muitas coisas se desenvolvem na história, que é apresentada em III atos.
A companhia em questão que fui assistir montou uma versão bem diferente para o ballet, onde a loja de brinquedos do Doutor Coppelius tornou-se um laboratório cibernético, especializado em robótica e inteligência artificial, e Coppelia passou a ser um robô. Muitos gran jetés, tutus e pontas seguraram a caráter clássico da obra, mas os tantos quadris desencaixados e flex no pé a ofereceram um ar contemporêneo e moderno. Gostei muito! A nova versão, apesar de menos clássica, em momento algum deu lugar para o baixo nível técnico, bem pelo contrário. Babei em muitas piruetas e devéloppés..
Também não pude deixar de ter um pequeno momento nostálgico, pois já dancei este ballet na minha ex-escola de dança, e foi um período muito bom da vida! Apesar da versão ter sido completamente diferente, como comentei, o repertório musical é igual, o que faz com que em alguns segundos todas as lembranças da época passeiem pela cabeça.
Na platéia do teatro, pessoas de todas as idades, homens e mulheres, em geral bem arrumados. Achei engraçado que, até mesmo em um ballet, é impossível esquecer o fato de que estamos entre espanhóis. Homens e mulheres tem aquele jeitão forte, de falar alto, que por vezes ficamos em dúvida se estão brigando ou conversando. Me chamou a atenção que não há vergonha nenhuma em encontrar um conhecido filas e filas acima de onde se está sentado, e mesmo assim virar pra trás e conversar aos berros ou rir super alto. Cultura não se discute!
Fotos do espetáculo:





E aqui, um vídeo com reportagem sobre o espetáculo. Vale a pena assistir!
Besitos!
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